Mercado espera corte mais agressivo na Selic, que pode cair a 13,25% ao ano
Economia
Publicado em 11/01/2017

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve promover nesta quarta-feira (11) o terceiro corte seguido na taxa básica de juros, de 13,75% para 13,25% ao ano. Essa é a expectativa da maior parte dos economistas consultados pelo BC na semana passada, em pesquisa realizada com mais de 100 instituições financeiras.

Em outubro, o BC realizou o primeiro corte na Selic em quatro anos, quando ela passou de 14,25% para 14%. Em novembro, o comitê fez o segundo corte, e a taxa foi para 13,75%, patamar atual. O mercado espera que o Copom anuncie nesta quarta um corte mais agressivo, de 0,50 ponto percentual, o que levaria a Selic para 13,25% ao ano.

Alguns economistas apostam num corte ainda maior, de 0,75 p.p.. Em relatório divulgado para clientes, o Itaú afirma que “a queda na inflação corrente (mais intensa e difundida do que o esperado) e a perspectiva de retomada econômica ainda mais lenta do que se antecipava sugerem um corte mais agressivo na taxa de juros. Acreditamos que o Copom irá reduzir a Selic em 0,75 p.p., que nos parece ser consistente com a sua comunicação atual, bem como com os últimos indicadores econômicos”.

Em novembro de 2016, Copom fez o segundo corte seguido na taxa Selic (Foto: Arte/G1)Em novembro de 2016, Copom fez o segundo corte seguido na taxa Selic (Foto: Arte/G1)

Em novembro de 2016, Copom fez o segundo corte seguido na taxa Selic (Foto: Arte/G1)

O economista-chefe da Gradual Investimento, André Perfeito, disse acreditar em um corte de 0,50 p.p. “Se você corta em 0,75 p.p., você sinaliza que vai continuar cortando em 0,75 p.p.”, afirmou.

Perfeito diz que há pressão do governo por cortes mais agressivos na Selic, o que permitiria à economia brasileira sair da recessão mais rapidamente, mas avalia que fatores de instabilidade, como o início do mandato de Donald Trump nos EUA e dúvidas sobre a manutenção da crise política no Brasil e o avanço das reformas, devem levar o Copom a ser mais cauteloso visando assegurar a queda da inflação.

 

“O ritmo das reformas pode não ser tão rápido como foi agora no início e o governo está mostrando sinais de fragilidade”, afirmou.

No relatório assinado pelo seu economista-chefe Mario Mesquita, o Itaú afirma que “os principais fatores de risco de alta para o cenário de inflação advêm do cenário externo e das incertezas políticas domésticas”.

Série de cortes
A expectativa dos economistas de bancos ouvidos pelo BC é de que o Copom, que se reúne a cada 45 dias, continuará a reduzir a taxa de juros nos próximos meses. Para o final de 2017, eles estimam uma Selic de 10,25% ao ano.

O aumento dos juros, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. O objetivo é encarecer o crédito e reduzir o consumo no país.

Juros altos, no entanto, prejudicam a atividade econômica e, consequentemente, inibem a geração de empregos. Quando o Banco Central julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, pode baixar os juros.

No mais recente Boletim Focus, os economistas ouvidos pelo Banco Central reduziram suas estimativas para a inflação. Para este ano, o mercado espera uma inflação de 4,81%, próxima ao centro da meta perseguida pelo BC, que é de 4,5% ao ano.

Ainda nesta quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulga a inflação de 2016, que o mercado espera que fique em 6,35%, um pouco abaixo do teto da meta do BC, que é de 6,5% ao ano.

Para 2016, 2017 e 2018, a meta central é de inflação em 4,5%. Entretanto, o sistema prevê um piso e um teto, que é de inflação em 6,5%, em 2016, e em 6% em 2017 e 2018.

 

 

 

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