O Washington Post publica na edição desta quarta-feira (27) reportagem em que alerta: ''A Olimpíada vai ser realizada em um país com noções de segurança anteriores ao 11 de setembro'', referência ao atentado terrorista cometido pela Al-Qaeda em 2001 em Nova York, que matou 2.996 pessoas e feriu mais de seis mil.
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O repórter Shannon Sims, que assina a matéria, afirma que, no Brasil, ''não é anormal ouvir gritos de gelar o sangue nos aeroportos. São crianças brincando de perseguir umas às outras pelo terminal. Também é comum ver malas perto dos portões de embarque, deixadas por viajantes que foram tomar um café''.
O jornal norte-americano reconhece que o país ''é acostumado a criminosos bem-armados e policiais nas cidades, mas não está familiarizado com o terrorismo internacional''.
Falta de experiência
Algumas ações das autoridades brasileiras até são lembradas pela publicação: a deportação em 2015 de um professor de física franco-argelino, condenado na França por ajudar terroristas e a recente prisão de doze simpatizantes do Estado Islâmico, depois de supostamente sugerirem a realização de um ataque terrorista durantes os Jogos, que começam no dia 5 de agosto.
Mas, reforça o Washington Post, ''os sulamericanos não têm experiência com o tipo de ataques dos extremistas islâmicos (...) Para as festas de Carnaval, em fevereiro, eles podem vestir-se como Osama bin Laden e fazer piadas irritantes sobre atentados''.
O jornal destaca uma declaração da semana passada do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, de que 80 mil seguranças serão colocados nas ruas durantes os Jogos, o dobro do que foi empenhado em Londres, em 2012: "Estamos prontos", disse Beltrame.
Patrick Skinner, um ex-oficial da CIA (Agência de inteligência norte-americana) especialista em contraterrorismo, ouvido pelo Washington Post, discorda. Ele afirma que um país não está completamente pronto ''quando altera alguns fundamentos de segurança no último minuto'', referindo-se a outras ações adotadas pelo governo brasileiro recentemente, como medidas de segurança reforçadas e checagem de bagagens mais rigorosas para todos os voos e não apenas para os internacionais. ''Corrigir problemas de segurança duas semanas antes dos Jogos Olímpicos é uma receita para o desastre'', critica Skinner. ''O Rio tem uma geografia ampla e não haverá escassez de alvos, porque os terroristas procuram multidões, seja em bares ou praias''.
Atendimento médico
O jornal avança ainda sobre outros fatores importantes durante uma Olimpíada, como o atendimento médico especializado para grandes eventos. Cita que um hospital especialmente destinado a atender pacientes com ferimentos graves na orla de Copacabana durante os Jogos está localizado na Gávea, a meia hora de distância em um dia comum.
A reportagem revela que ''o Washington Post contactou vários dos hospitais e salas de emergência localizados mais próximos de Copacabana e descobriu que poucos, ou nenhum, teve leitos reservados para pessoas que forem aos Jogos, e a maioria não tinha recebido quaisquer orientações de emergência do Governo''.
Benny Cohen /EM - Postado em 27/07/2016 08:47 / Atualizado em 27/07/2016 10:47