Pesquisa aponta que envolvimento em escândalos de corrupção é o principal fator de rejeição na hora de escolher um candidato
BM - Bertha Maakaroun/Site Estado de Minas - A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet
Postado em 17/01/2018 06:00 / Atualizado em 17/01/2018 06:58
A corrupção incomoda tanto o eleitor que já em 64 a.C., na república romana, Quinto Túlio, general e político, recomendava ao seu irmão Cícero, candidato ao posto de cônsul, naquele que ficou conhecido como o primeiro manual de marketing eleitoral da humanidade: “Procura levantar algum escândalo contra teu rival por crime, corrupção ou imoralidade”, escreveu ele. “Seja pródigo em promessas, pois os homens preferem promessa vã à recusa categórica”, acrescentou à longa lista de advertências ao seu candidato, que, aliás, venceu aquele pleito.
SAIBA MAIS
· 06:00 - 05/11/2017'PSDB nunca foi exclusivista, tem os parceiros', diz tucano sobre eleição em 2018
· 10:49 - 01/11/2017O que é em 2018 fica em 2018, diz Meirelles, sobre eleição
· 18:31 - 25/10/2017No terceiro dia da caravana por MG, Lula afirma que vencerá eleição em 2018
Passaram-se mais de dois milênios e os conselhos de Quinto Túlio continuam em pauta. E se por vezes saber o que se deseja nem sempre é fácil, o brasileiro, bombardeado por tantos e tão espetaculares escândalos envolvendo políticos e partidos de todas as tendências, parece ter clareza daquilo que não deseja encontrar num candidato às eleições presidenciais. Estar envolvido em escândalo de corrupção seria um fator impeditivo para o voto na avaliação de 63% dos consumidores brasileiros, segundo pesquisa de opinião realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Em contraposição ao que não se deseja num candidato, são características que potencialmente favorecem a empatia a honestidade (50,1%), cumprir promessas (35,5%), colocar interesses coletivos acima dos particulares (32,1).
O combate à corrupção é, também, segundo a pesquisa, medida prioritária e permanente que 47,5% dos brasileiros esperam do futuro governo acima até mesmo de investimentos em saúde (38,7%), educação (33%), segurança pública (32,5%) e na promoção e geração de empregos (29%). Para que um candidato esteja apto a assumir o Planalto,70,4% consideram ser atributo necessário colocar a “mão na massa” em projetos de melhoria na saúde, educação e obras de infraestrutura. A segunda característica mais importante na avaliação das habilidades do candidato é, para 28,6%, sentir que seja “uma pessoa do povo/próxima à população”, portanto, que tenha vivência e conhecimento sobre as dificuldades de sobrevivência das pessoas comuns.
Embora 46,9% dos consumidores que integraram a pesquisa se declarem “indiferentes” ao pleito presidencial, há uma grande expectativa por mudança. Para 73,8%, o futuro presidente eleito deve fazer uma grande mudança em relação ao que vem sendo feito neste governo; 20,1% esperam que faça algumas mudanças, mas mantenha alguns programas/reformas; e apenas 6,1% querem continuidade às diretrizes/programas/reformas do atual presidente.
OUTSIDER
Se nas eleições municipais de 2016 a figura do “empresário outsider” da política foi bem-sucedida em algumas cidades, como São Paulo, que elegeu João Doria (PSDB), essa não parece ser a habilidade que esteja no topo da lista dos brasileiros na hora de decidir o candidato à Presidência da República: apenas 8,2% pontuam ser empresário ou profissional liberal de sucesso como atributo indispensável ao cargo; só 12,5% dizem ser importante ser alguém “que não tenha tido contato com a política”.
Além de não estar envolvido em escândalos de corrupção, indicado por 63%, foram também características impeditivas para o voto em um candidato à Presidência da República: ser distante da população/não conhecer os problemas do povo (34%); ficar “em cima do muro”/não ter opinião própria (27,7%), estar envolvido com empresários ou empresas privadas (26,1%) e ser intolerante com as minorias (21,7%).
A pesquisa foi feita pela web, entre 27 de novembro e 7 de dezembro de 2017, junto a 682 consumidores residentes em todas as capitais do país, com idade igual ou maior de 18 anos, distribuídos por gênero e classes econômicas. Os dados foram ponderados após a coleta segundo os parâmetros da população brasileira. A margem de erro máxima estimada é de 3,8 pontos percentuais, dentro de um nível de confiança de 95.
(Colaborou Lucas Soares, estagiário, sob a supervisão da editora Vera Schmitz)