Com a disputa acirrada entre os nomes dos presidenciáveis de centro, legendas negociam com todos os nomes anunciados até agora - e não descartam nem mesmo Lula ou Bolsonaro. Como moeda de troca, oferecem tempo de televisão e palanques.
AA - Alessandra Azevedo PT - Paulo de Tarso Lyra/Site Estado de Minas - A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet
Postado em 13/01/2018 08:40 / Atualizado em 13/01/2018 08:45
Se está aberta a temporada de especulações em torno de quem será o candidato de centro nas eleições de outubro, também multiplicam-se o número de pretendentes para levar a noiva ao altar.
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Esses interessados sabem, inclusive, que a ânsia em busca de apoio não move apenas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Localizados especialmente no chamado centrão, esses partidos também cortejam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
Sabem que têm um ativo importante para oferecer: tempo de televisão, recursos dos fundos partidário e eleitoral e palanques. Levantamento feito pelo Credit Suisse, por exemplo, mostra que, se o PSDB capitanear uma aliança ao lado do PMDB e atrair a totalidade das legendas do centrão teria quase 93 minutos de propaganda eleitoral, incluindo horário eleitoral e inserções ao longo da programação.
O PT ficaria com cerca de 30 minutos. Se essas legendas se dividirem entre o PT e o PSDB, o jogo equilibraria: PSDB com 64 minutos e PT com 61. Se eles jogarem PSDB e PT ao mar, ficariam ainda mais fortes: 55 minutos nas mãos do Centrão (incluindo aí o PMDB e DEM), 39 minutos com os tucanos e 33 minutos com os petistas.
Por isso, a aparente volatilidade das conversas. “Eu acho isso natural, estamos na fase de pré-campanha, ninguém é candidato oficial ainda. Eu, por exemplo, na última semana, me encontrei duas vezes com o Rodrigo Maia e uma com o Alckmin”, lembrou o presidente nacional do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP).
Mas, de fato, impressiona a aparente fluidez das conversas. O PP de Ciro Nogueira e o PR de Valdemar Costa Neto, além do próprio Solidariedade, estenderam tapetes vermelhos para Rodrigo Maia sonhar com o Planalto.
O PTB de Roberto Jefferson e o PRB de Celso Russomano sinalizam que estarão alinhados com o candidato a ser escolhido pelo Planalto. E o PSD oscila entre apoiar um voo próprio do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ou apoiar as pretensões presidenciais do tucano Alckmin.
Sinais
O próprio presidente Temer emite sinais ambíguos. Ao mesmo tempo que se sente grato pelo desempenho de Meirelles na Fazenda, afirmou que ele seria mais útil se permanecesse na pasta, em vez de sonhar com uma candidatura presidencial.
E demonstrou interesse em aproximar-se de Alckmin, tendo como pano de fundo o desejo de atrair os votos do PSDB para aprovar a reforma da Previdência.
Esse giro, na atual fase, servirá também para decantar quem sobrevive na corrida eleitoral. Na visão do coordenador do Núcleo de Análise Política da Prospectiva, Thiago Vidal, Rodrigo Maia sabe que não tem chance de ser presidente da República. “Ele não tem capital político nem partidário para isso”, diz.
“O que ele e todos os partidos estão fazendo é vender uma dificuldade para o Alckmin. Os partidos fingem que negociam com Maia para que o Alckmin tenha que pagar mais caro pelo apoio”, avalia Vidal.
O giro que Maia tem feito pelos estados também é um componente de quem busca, no caso dele, a reeleição à Câmara dos Deputados. “Qualquer deputado que queira ter apoio estadual faz isso. O ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha, fazia muito. Viajava os estados com frequência”, lembra Vidal.