Há alguns dias, voltando de uma viagem, conversava com minha esposa sobre a importância das famílias terem mais de uma fonte de renda.
Recentemente um amigo nosso nos ligou, e durante a conversa mencionou que estava em apuros financeiros, e nos pediu algumas dicas para clarear a mente. Este foi o motivo do assunto ter vindo à tona em nossa viagem, e também ter motivado este texto.
Nunca sabemos quais serão as surpresas que o amanhã nos reserva. Elas poderão ser ótimas (mas disfarçadas de coisas ruins no curto prazo) ou péssimas (mas disfarçadas de coisas boas no curto prazo).
Claro, poderão ser simplesmente boas e ruins também, sem disfarces, mas a questão é que a vida é incerta, e a única maneira de lidarmos com as incertezas é gerenciarmos os riscos envolvidos, prevendo que o pior possa acontecer.
Por isso, seja você um pequeno empresário, um profissional autônomo ou liberal, ou ainda um assalariado, o fato é que seria bom você pensar num plano B (e talvez até num C) e começar a executá-lo, para se antecipar aos desafios futuros (que costumam chegar sem aviso prévio).
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Já tenho estabilidade financeira, mas não tenho outra fonte de renda
Este era o meu caso antes de viver a minha primeira experiência de demissão, que aconteceu em 2013. Desde que comecei a trabalhar, eu era um bom poupador, mas não um investidor. Aliás, isso acontece com muita gente.
A pessoa tem uma vida financeira equilibrada, consegue poupar regularmente, mas não se atenta para buscar formas de multiplicar esse dinheiro poupado, seja através de investimentos mais rentáveis ou da criação de negócios.
Foi ali, com aquela experiência inédita para mim, e num momento de susto (meu filho era recém-nascido e minha esposa também não estava trabalhando), que comecei a elaborar um planejamento sério sobre fontes de renda alternativas.
Só que você não precisa esperar um momento crítico, como aconteceu comigo, para fazer isso. O melhor é cuidar desse assunto quando as coisas estão mais calmas.
Minha sugestão é que você considere desenvolver uma segunda fonte de renda em paralelo com seu trabalho atual. Esse negócio pode ser administrado por você mesmo em suas horas vagas, ou por uma pessoa de sua confiança.
Pode ainda ser feito pela esposa ou marido, no caso de famílias que possuem filhos pequenos, e um dos cônjuges deseja estar mais próximo da educação e acompanhamento da criança. Então poderá alternar entre esses cuidados e um trabalho/negócio flexível.
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Estou desempregado, e preciso de uma fonte de renda
Esse é o caso do meu amigo, aquele que motivou eu trazer esse assunto à tona. Enquanto ele estava gerando renda, ele não teve o cuidado de criar o hábito de poupar. Recebia e gastava.
O curioso é que ele não gastava com futilidades. Ele pagava, por exemplo, uma excelente escola para os filhos, e aquilo já consumia uns 30% de sua renda.
Eu sou muito favorável a investirmos na boa educação de nossos filhos, mas até nisso, precisamos cuidar para não exagerar e colocar em risco o fluxo financeiro familiar. Talvez não fosse necessário que as crianças frequentassem o melhor colégio, mas sim um que fosse “apenas bom”.
Bem, de forma similar, ele e sua família tinham hábitos que terminavam por consumir toda a renda, e agora, desempregado, sem reservas financeiras e sem outra fonte de renda, se viu em apuros. Já começava a fazer uso de empréstimos para resolver os vencimentos de curto prazo.
Em casos assim, não é possível estabilizar a situação sem ações de contenção de gastos e sem experimentar as dores que isso causa.
Minha sugestão foi que ele procurasse vender algum bem de consumo, como o carro ou similares, e então utilizar esse dinheiro para comprar e revender alguns produtos com boa margem de lucro, para gerar renda no curto prazo.
Como o trabalho de vendedor pode ser flexível, ele poderá administrar seu tempo para planejar em paralelo algum negócio mais interessante, ou mesmo se preparar para entrevistas visando uma possível recolocação profissional em alguma empresa.
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Você pode emprestar um dinheiro para eu montar um negócio?
Algo também comum quando as pessoas se encontram em apuros é pedir dinheiro emprestado para um familiar ou um amigo mais chegado.
Este é um procedimento complicado, pois gera constrangimento para quem pede e uma grande preocupação para quem empresta, visto que os riscos de nunca mais ver esse dinheiro de volta são bem elevados.
Vou então colocar um ponto menos comum em relação a este assunto, para tentar buscar uma saída que seja boa para ambos, ainda que os riscos envolvidos continuem sendo altos.
Quem pede emprestado, precisa enxergar a situação com uma ótica diferente. Passe a imaginar que você é um empreendedor e que o seu familiar ou amigo é um investidor. Para você conseguir o dinheiro dele emprestado, você precisa ter um bom projeto em mãos.
Ao invés de apenas pedir, antes disso, se empenhe bastante em desenhar um bom plano de negócios, mostrando de forma numérica:
- Qual negócio pretende desenvolver com o dinheiro,
- Como conseguirá vender os serviços ou produtos em questão,
- Qual a margem de lucro em cada venda,
- Quanto será devolvido do empréstimo a cada mês,
- Em quanto tempo pretende pagar todo o empréstimo, e
- Qual a taxa de juros a ser paga ao familiar ou amigo pelo empréstimo.
Vários outros itens podem ser adicionados a esta lista. Estes acima são apenas alguns exemplos. O objetivo com isso é diminuir os riscos para quem empresta, e também poder contar com opiniões e o conhecimento do “investidor”.
O que estou propondo aqui é uma adaptação muito simplista de um tipo de investimento que vem crescendo no Brasil nos últimos anos, que é o investimento-anjo.
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Considerações finais
De forma geral, não há muitos segredos para lidar com a vida financeira. O que precisamos é aprender a viver com menos do que ganhamos e investir a diferença, primeiro formando uma reserva para emergências e depois buscando outras formas de multiplicar o patrimônio.
A prevenção sempre será melhor do que ter que lidar com as consequências de algo imprevisto. Portanto, não deixe para pensar no que fazer depois que a situação estiver fora do controle. Antecipe-se.
Talvez você ainda seja agraciado com um bônus: ao desenvolver seu planejamento para uma segunda fonte de renda, poderá descobrir um negócio que seja lucrativo e que ainda gere muita satisfação para você ao realizá-lo. É assim também que nascem muitas empresas de sucesso.
Espero que esse texto tenha ajudado você a refletir sobre o tema ou a ter ideias para colocar suas finanças nos eixos novamente. Tenho experimentando isso aqui em casa há algum tempo, e os resultados tem se mostrado satisfatórios em vários aspectos. Então, avancemos! Um grande abraço e até a próxima!
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Este artigo foi escrito por Giovanni Coutinho.
Gerente de Conteúdos do Dinheirama e praticante da educação financeira como estilo de vida. Trabalhou por 18 anos com tecnologias da informação e comunicação nas áreas de operação, marketing e vendas. Engenheiro pelo INATEL, possui pós-graduações em Administração e Economia Financeira pela Unicamp.
Este artigo apareceu originalmente no site Dinheirama.
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