Foto: CDC/Judy Schmidt
Vacina não é coisa de criança. Fora a imunização contra a gripe, que já é conhecida, os adultos não se preocupam em ter uma caderneta de vacinação e acabam desprotegidos. O alerta é da médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações e membro da Sociedade Latino-Americana de Infectologia Pediátrica. O site da SBIm disponibiliza o calendário de vacinação para todas as faixas etárias.
Quais as vantagens da vacinação em adultos e idosos?
Isabella Ballalai – Na realidade, o adulto não sabe que as doenças da infância também podem acometê-lo. Em alguns casos, como a hepatite B, por exemplo, o risco é maior para os adultos. Como política pública, é mais fácil e eficiente vacinar na infância do que mais tarde. Sarampo, caxumba e rubéola são doenças prevalentes em crianças, mas ninguém está 100% livre delas ao ficar mais velho. Inclusive, o fato de ter tido uma doença dessas quando pequeno não é garantia de que ela nunca mais atacará o indivíduo. Já atendi paciente com coqueluche na terceira idade, que teve que ser internado. A vacina contra difteria e tétano tem que ser tomada a cada dez anos. As pessoas se esquecem e se arriscam. Saem de férias, às vezes se cortam ou sofrem algum outro tipo de ferimento e pensam que, ao procurar o pronto-socorro, estão protegidas, mas a aplicação feita lá leva dez dias para fazer efeito, ou seja, o processo infeccioso pode não ser detido a tempo.
Além da vacina contra a gripe, que já é bem conhecida, que outras devem ser aplicadas depois dos 60 anos?
Isabella Ballalai – A partir da terceira idade, surgem outros riscos. Uma pneumonia pode ser fatal. O herpes zóster normalmente não traz complicações para os mais jovens, mas, com o envelhecimento, uma das consequências pode ser a neuralgia pós-herpética, um quadro de dor crônica que se prolonga por até um ano. Acima dos 85 anos, as chances de enfrentar esse problema são de 50%.
Que vacinas para adultos e idosos estão disponíveis na rede pública de saúde?
Isabella Ballalai – A rede pública oferece quase todas as vacinas para pacientes com doenças crônicas, como o diabetes, o problema é que as pessoas nem sabem disso. Pessoas com hipertensão, câncer, ou que estejam com o sistema de defesa imunodeprimido, apresentam comorbidades (ocorrência de mais de um problema ao mesmo tempo) e necessitam de vacinas para estarem mais protegidas.
Qual é o custo médio das vacinas encontradas somente em clínicas particulares?
Isabella Ballalai – Os calendários de vacinação das sociedades médicas recomendam, além das vacinas incluídas nos programas públicos, aquelas consideradas benéficas para a saúde do indivíduo, de acordo com análises técnico-científicas. Infelizmente a grande maioria das operadoras de seguro saúde ainda não prevê reembolso para vacinas, a não ser em planos que estão na faixa premium. Na rede privada, o custo varia entre R$ 100 e R$ 300, mas é importante saber que o tratamento para herpes zóster, por exemplo, sai muito mais caro que a vacina que previne a doença.