Brasília, 13 - O Centrão - bloco informal de 13 partidos da base aliada liderado por PP, PSD e PTB - decidiu obstruir a votação da admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), prevista para esta quarta-feira, 14. A decisão foi tomada durante jantar entre líderes do grupo na noite de segunda-feira, 12, e anunciada nesta terça-feira, 13, pelo líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), e o deputado Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade.
"O Centrão decidiu obstruir a votação. Se a gente não obstruir, o (presidente Michel) Temer vai entregar o governo para o PSDB", afirmou Paulinho ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real DP Grupo Estado. Segundo o parlamentar, o grupo combinou com a oposição de não dar presença na sessão da CCJ desta quarta-feira, 14, quando está prevista a leitura e votação do parecer do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) pela admissibilidade da PEC. Pelas contas de Paulinho, Centrão e oposição têm juntos 40 deputados - são necessárias, no mínimo, 34 presenças para abrir os trabalhos. A comissão é composta por 66 membros.
Jovair Arantes confirmou a informação dada pelo presidente do Solidariedade. O líder do PTB defendeu que a admissibilidade da PEC da Previdência só deve ser votada na CCJ no próximo ano. "Temos que discutir com frieza e calma, porque essa é uma matéria ácida", afirmou ao Broadcast Político. Segundo ele, a reforma da Previdência é uma proposta "ruim", mas que tem de ser discutida com calma. "Para quê votar um tema polêmico desses agora no fim do ano, às pressas? A sociedade quer discutir com calma", afirmou.
PSDB
A obstrução do Centrão à PEC da Previdência ocorre no momento em que o presidente Michel Temer articula mais espaço para o PSDB no governo, com a nomeação do líder do partido na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), para a Secretaria de Governo. Na semana passada, o bloco informal já tinha ameaçado travar a votação da PEC na CCJ, o que levou Temer a adiar a nomeação. Agora, mesmo com a indicação do tucano adiada pelo Palácio do Planalto, o grupo decidiu que manterá a obstrução à proposta.
Para o Centrão, a escolha de Imbassahy é uma demonstração clara de que o governo Temer trabalhará pela recondução do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao cargo em fevereiro de 2017, quando está marcada a próxima disputa pelos cargos da Mesa Diretora da Casa. Isso porque, segundo líderes do bloco informal, a nomeação do líder tucano passou por acordo para fechar o apoio do PSDB e do PMDB à candidatura do parlamentar fluminense.
O Centrão disputa espaço na base aliada de Temer na Câmara com a chamada antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB), que apóia majoritariamente a reeleição de Maia. O bloco informal tem pelo menos três pré-candidatos ao comando da Casa em fevereiro do próximo ano: Jovair Arantes, e os líderes do PSD, Rogério Rosso (DF), e do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB). O grupo tenta chegar a um consenso para lançar apenas um candidato.
Agência Estado/EM - Postado em 13/12/2016 15:49