Exemplares de aedes aegypti em laboratório em Campinas. (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (24) que os casos de chikungunya tiveram um crescimento de 850% em 2016, e que o ano de 2017 terá ainda mais casos. Os dados são do Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti.
De acordo com o ministro Ricardo Barros, foram 251.051 casos da doença neste ano, contra 26.435 em 2015 - os registros superam os de zika no mesmo período, com 208.867 notificações e apenas 3 mortes.
Em 2016, morreram 138 pessoas por chikungunya enquanto que, no ano passado, foram somente seis óbitos. O pico da doença ocorreu em março. Questionado pelo G1 sobre o motivo da alta taxa de crescimento, Ricardo Barros disse que é "uma estatística".
"É uma estatística. Nós tivemos uma infestação maior e esperamos que esse resultado alerte as pessoas para se protegerem mais", afirmou.
Para ele, o ministério não falhou nas ações e tem feito o planejamento para quando houver surtos de doenças. "Não [falhou], é uma incidência, gente. Não há como se prever a incidência das doenças. O que temos feito é uma estatística e um planejamento para que estejamos preparados, para que quando acontece, a saúde pública esteja em condições de atender".
Campanha contra o chikungunya lançada pelo Ministério da Saúde (Foto: Ministério da Saúde/Divulgação)
As doenças do Aedes
Além do alerta sobre a chikungunya, Barros fez um balanço sobre as doenças causadas pelo mosquito Aedes. Ele afirmou que os casos de zika e dengue deverão se manter estáveis em 2017 e ter o mesmo número de registros. "Nós não esperamos que aumentem os casos de dengue e zika", disse. "Este ano a nossa maior preocupação é a chikungunya”, completou.
No caso da dengue, foram 1.458.355 casos prováveis em 2016, contra 1.543.000 em 2015. Houve uma redução de 50% nos casos graves da doença e de 36% em relação aos óbitos do ano anterior.
Os casos confirmados de microcefalia chegam a 2.159, sendo que 3.115 continuam em observação e 4.925 foram descartados. O Nordeste concentra 66% do total de casos confirmados da malformação. Para os moradores da região, Barros pediu "mais cuidado e atenção".
"É preciso que haja da população do Nordeste mais cuidado, mais atenção, para que esses casos não se multipliquem tanto nessa região."
A zika atingiu 2.281 municípios e teve seu pico em fevereiro, com 17.541 ocorrência por semana, em média. A pasta estima que, dos mais de 200 mil casos notificados, 16.696 casos tenham sido em gestantes.
Investimento
Segundo o ministro, no ano passado foram gastos cerca de R$ 500 milhões no combate às doenças propagadas pelo Aedes aegypti. O orçamento para a área em 2017 ainda não foi definido e está em votação no Congresso.
"O dinheiro foi aplicado em diversas frentes, disse, como no combate direto ao mosquito com a compra de larvicidas e equipamentos de pulverização, além de investimentos em pesquisas, [...] entre elas, para vacinas", acrescentou.
Ao todo, segundo levantamento da pasta, 855 cidades, que representam 34% dos municípios pesquisados, se encontram em situação de alerta e risco de surto de dengue, zika e chikungunya. Atualmente, a adesão à pesquisa do ministério é voluntária, mas Barros anunciou que vai propor que, a partir de 2017, ela seja obrigatória a todos os municípios com mais de 2 mil imóveis.
Das 22 capitais levantadas pelo ministério, Cuiabá é a única em situação de alto risco. Já nove estão em alerta e 12 em condições satisfatórias.
A doença transmitida pelo mesmo mosquito da dengue e do zika é uma epidemia de dores nas articulações. Estudos mostram que a chikungunya deixa rastros, metade deles crônicos. O vírus tem uma predileção pelas articulações e causa uma cascata inflamatória no local. Os pacientes, principalmente as mulheres, desenvolvem dores incapacitantes crônicas e não conseguem abotoar uma camisa, pentear o cabelo, sem dores.
O tratamento é feito com analgésicos e anti-inflamatórios. Entretanto, é preciso procurar um médico, porque a doença pode trazer risco de sangramento. Tratamentos não medicamentosos como acupuntura, fisioterapia e compressas podem ajudar a aliviar a dor.