Ex-presidente da Andrade Gutierrez muda versão e nega propina em 2014
Política
Publicado em 18/11/2016
 

 

 
 
 
 

O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo retificou um depoimento dado em setembro à Justiça Eleitoral e afirmou, nesta quinta-feira (17), em novo depoimento, que não houve pagamento de propina, por parte da empresa, à chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer na campanha presidencial de 2014.

A informação é dos advogados de Dilma, de Temer e do PSDB (acusação) que atuam no processo aberto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apurar se a chapa vencedora recebeu propina oriunda do esquema de corrupção que atuou na Petrobras. Na ação, o PSDB pede a cassação da chapa.

O advogado de Otávio Azevedo, Juliano Breda, também presente ao depoimento, não quis falar à imprensa.

Segundo os advogados de defesa e de acusação, Azevedo, um dos delatores da Operação Lava Jato, disse que se confundiu ao declarar que havia repassado R$ 1 milhão ao PT, quantia que, posteriormente, segundo ele, havia abastecido a campanha da ex-presidente Dilma.

A doação, disse à época, seria fruto de pressão e parte de um acordo para que a construtora repassasse 1% de propina de cada contrato com o governo federal.

O novo depoimento, desta quinta, foi pedido, então, pelos advogados de Dilma após a própria defesa apresentar documentos segundo os quais a doação de R$ 1 milhão da Andrade Gutierrez à campanha de 2014, supostamente fruto de propina, 
chegou à chapa eleita por meio do PMDB, na conta de Michel Temer, então candidato a vice.

O que disseram os advogados
Após o depoimento, o advogado de Dilma no processo, Flávio Caetano, afirmou que Otávio Azevedo havia mudado a versão sobre a doação de R$ 1 milhão.

"Hoje [quinta, 17] o depoente [Azevedo] fez uma retratação, ou seja, ele reconheceu claramente que não existiu nenhuma propina e nenhuma irregularidade na campanha presidencial de Dilma Rousseff e Michel Temer. Portanto, hoje ele se retratou perante a Justiça Eleitoral e retirou a acusação que tinha feito no seu depoimento anterior", disse o advogado.

Segundo Caetano, das 25 testemunhas que falaram até agora no processo, Otávio de Azevedo era o único que havia confirmado pagamento de propina nas doações eleitorais, principal acusação do PSDB no processo. "Hoje, cai por terra toda e qualquer acusação de irregularidade na arrecadação de campanha de Dilma e Michel Temer", completou.

Na sequência, o responsável pela defesa de Michel Temer no processo, o advogado Gustavo Guedes também confirmou a retificação no depoimento. "Nenhum valor de propina foi para a eleição de 2014. Nem para a Dilma nem para o PT. Nem para a Dilma nem para o PMDB nem para a chapa", afirmou.

Para Guedes, o que ele chamou de "equívoco" do ex-presidente da Andrade ocorreu porque todos os recibos eleitorais da chapa eram emitidos pelo tesoureiro da campanha de Dilma, o ex-ministro Edinho Silva (prefeito eleito de Araraquara-SP), ainda que tenham sido direcionadas a Temer.

Em seguida, o advogado do PSDB no caso, José Eduardo Alckmin, também confirmou a mudança no depoimento, mas avaliou que o "conjunto da obra" poderá mostrar a presença de propina na campanha.

"Tem que ser ver o conjunto da obra. O fato é que houve, durante muito tempo, dinheiro de caixa dois, inclusive abastecendo o partido da [ex-] presidente Dilma e aí, realmente, causa a necessidade de um exame bem apurado para ver se esse dinheiro, que nem foi contabilizado, uma parte dele, se isso não terá incidido na campanha eleitoral", disse.

 

Renan Ramalho-Do G1, em Brasília-17/11/2016 22h21-Atualizado em 17/11/2016 23h32

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