Dólar sobe e Bovespa chega a cair 3% após vitória de Trump nos EUA
09/11/2016 14:41 em Economia

 

 

 

O presidente eleito Donald Trump após vitória (Foto: Saul Loeb/AFP)A eleição de Donald Trump faz com que o dólar opere em alta nesta quarta (Foto: Saul Loeb/AFP)

O mercado financeiro no Brasil reage com pessimismo ao resultado da eleição nos Estados Unidos nesta quarta-feira (9). O candidato republicano Donald Trump venceu a democrata Hillary Clinton, contrariando as expectativas do mercado.

O dólar opera em forte alta nesta quarta em relação ao real, chegando a subir mais de 2%. "Acho que o dólar pode ir a R$ 3,30 até a próxima semana porque ninguém estava precificando a vitória de Trump", comentou à Reuters o analista de câmbio da corretora Gradual Investimentos, Marcos Jamelli. Já a Bovespa abriu os negócios em queda de mais de 3%, mas reduziu as perdas ao longo do dia.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quarta, após reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em Brasília, que acompanha o movimento dos mercados globais e no Brasil e que tomará as "medidas adequadas" caso seja necessário.

Ele não detalhou, porém, quais medidas poderão ser adotadas. "O meu comentário será sobre os mercados. Nós estamos acompanhando os mercados globais e do Brasil e, caso necessário, tomaremos as medidas adequadas", afirmou Ilan Goldfajn a jornalistas.

 
 
 
 

Mundo
A vitória de Trump derrubou os mercados na Ásia, com a bolsa de valores do Japão perdendo mais de 5%. Na Europa, os mercados abriram em forte queda, mas diminuíram as perdas após o discurso do republicano, considerado conciliador. Nos 
Estados Unidos, as bolsas operam sem direção definida.

Segundo a Reuters, os investidores estão cada vez mais preocupados com a possibilidade de Trump adotar políticas protecionistas e desistir de acordos de comércio internacional.

"Com o Brexit tivemos um dia ruim, mas isso é diferente", disse à agência o estrategista-chefe de mercado da National Securities em Nova York, Donald Selkin, comparando o dia à reação dos mercados logo após a decisão do Reino Unido em deixar a União Europeia.

"Isso é o mais assustador em se colocar o cargo mais poderoso do mundo nas mãos de um homem que muitos acreditam ser temperamentalmente instável. "Seus cortes de impostos podem abrir um enorme rombo orçamentário e suas sanções comerciais podem suspender o comércio mundial. Tudo isso pode gerar uma recessão", avaliou.

"Há muito pânico no mercado, é definitivamente um resultado que não se estava esperando", disse o estrategista do Banorte-IXE, Juan Carlos Alderete. "Os movimentos são muito fortes, o mercado está mostrando maior aversão ao risco em busca de ativos seguros."

"Os Estados Unidos estão experimentando sua própria versão do Brexit", disse o estrategista-chefe de mercado da FXTM, Hussein Sayed.

Veja abaixo a reação dos mercados nesta quarta após o resultado das eleições contrariar as expectativas do mercado:

Nos Estados Unidos
Os mercados norte-americanos operavam com volatilidade nesta quarta-feira. À tarde, os principais índices tinham leve alta, recuperando parte das perdas vistas anteriormente. O Dow Jones tinha alta de 0,62%, o SP&500 subia 0,3% e a Nasdaq tinha elevação de 0,45%.

Segundo a Reuters, alguns setores que parecem se beneficiar com a presidência de Trump e sobem na bolsa. Os setores que apresentavam ganho nesta tarde eram o financeiro e o de saúde. Na campanha de Hillary, um dos principais temas era um limite para os preço de medicamentos.

Na Ásia

Funcionário de uma empresa de operações de câmbio trabalha diante de uma TV que mostra Donald Trump, nesta quarta-feira (9), em Tóquio (Foto: Toru Hanai/Reuters)Funcionário de uma empresa de operações de câmbio trabalha diante de uma TV que mostra Donald Trump, nesta quarta-feira (9), em Tóquio (Foto: Toru Hanai/Reuters)

O índice japonês Nikkei encerrou o pregão com queda de 5,36%, aos 16.251,54 pontos. A baixa é a pior desde os 7,92% de queda registrados em 24 de junho, após o referendo que decidiu que o Reino Unido deixará a União Europeia. O segundo indicador, o Topix, perdeu 4,57%, e se situou em 1.301,16 pontos. O mercado japonês fechou antes da divulgação do resultado final nos EUA, mas o mercado reagiu às pesquisas de bocas de urna que já indicavam a vitória do republicano.

As bolsas da China também fecharam em baixa. As ações fecharam antes da confirmação da vitória do republicano, mas ainda assim o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,52% e o índice de Xangai teve queda de 0,61%, para 3.128 pontos. Em Hong Kong, o índice HANG SENG caiu 2,16%, a 22.415 pontos

Gráfico fechamento das bolsas asiáticas. (Foto: G1)

As quedas nas ações da China - tipicamente protegidas da volatilidade do mercado global por fortes controles de capital - foram mais fracas, em meio a dados mostrando recuperação nos preços ao produtor do país, informou a agência Reuters.

O restante da região também teve perdas. Em Seul, o índice KOSPI teve desvalorização de 2,25%, a 1.958 pontos. Em Taiwan, o índice TAIEX registrou baixa de 2,98%, a 8.943 pontos. Em Cingapura, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 1,08%, a 2.789 pontos. Em Sydney o índice S&P/ASX 200 recuou 1,93%, a 5.156 pontos.

Na Europa

Operador reage à queda dos índices europeus na bolsa de Frankfurt, na Alemanha, nesta quarta-feira (9). (Foto: Reuters)Operador reage à queda dos índices europeus na bolsa de Frankfurt, na Alemanha, nesta quarta-feira (9). (Foto: Reuters)

As principais bolsas europeias começaram o dia operando em forte queda. No entanto, o mercado recuperava parte de suas perdas com os operadores dizendo que o discurso da vitória de Trumpfoi equilibrado e conciliatório, aumentando expectativas de que alguns pontos mais inflamados da retórica de sua campanha podem ter ficado para trás.

O índice geral da Bolsa de Valores de Londres, o FTSE-100, por exemplo, abriu baixa de 2,12%. Perto das 8 (horário de Brasília), o Financial Times tinha queda de 0,07%.

Na Itália, o índice seletivo da Bolsa de Valores de Milão, o FTSE MIB, abriu em forte baixa de 3%, mas, perto das 8h, a queda era de 1,58%.

Na Alemanha, o principal índice da Bolsa de Valores de Frankfurt, o DAX, abriu em queda de mais de 4%. Perto das 8h, caía 0,67%.

Em Paris, o CAC-40, caía mais de 2,86% após a abertura. Perto das 8h, caía 1,01%. Em Portugal, a Bolsa de Lisboa perdia 3% no início dos negócios, mas reduzia as perdas para 1,95% perto das 8h. Em Madri, o índice Ibex-35 registrava baixa de 1,52%.

Já as ações na Rússia operam em alta nesta quarta.

Na véspera da eleição, quando o mercado previa vitória de Hillary Clinton, as bolsas da Europa fecharam em alta. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações européias, fechou em alta de 0,31%. O índice pan-europeu STOXX 600 subiu 0,32%.

Moedas
O peso mexicano desabou após a vitória de Trump, chegando a bater a maior queda desde 1994, segundo a Reuters. As ameaças de Trump de acabar com um acordo de livre comércio com o México e taxar o dinheiro enviado pelos imigrantes para pagar pela construção de um muro na fronteira entre os países tornaram o peso particularmente reativo aos acontecimentos na disputa pela Casa Branca, destaca a Reuters.

O peso enfraqueceu mais de 13% no after-market do México, ultrapassando a barreira dos 20 pesos por dólar, maior queda desde a Crise da Tequila em 1994. A moeda mexicana reduziu as perdas e caiu cerca de 8,5%, a US$ 19,875 no início da quarta-feira.

Preço do petróleo cai
O petróleo Brent recuava ao patamar de US$ 45 por barril na manhã desta quarta em reação ao resultado das eleições dos EUA. Já o petróleo dos Estados Unidos chegou à casa dos US$ 44 por barril.

O índice global de referência, Brent, teve queda de quase 4%, na mínima desde agosto no comércio asiático, embora posteriormente tenha recuperado parte de suas perdas, segundo a Reuters.

 

Do G1, em São Paulo-09/11/2016 10h20 - Atualizado em 09/11/2016 15h31

 

 

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