Este sábado (13) é Dia do Professor e cada vez menos jovens querem ser professores. Apenas 2% dos alunos do ensino médio querem fazer faculdade de Pedagogia. Nesse ritmo, vamos ficar sem professores no futuro. Se nada mudar, o futuro dessa profissão – e portanto dos nossos filhos - fica cada vez mais ameaçado.
Especialistas dizem que a saída para isso nem é tão difícil. Aumentar salários, criar um plano de carreira e desenvolver cursos de formação são ações que precisam ser colocadas em prática, para ontem.
É na sala de aula que elas aprendem a ser professoras. Cada uma na turma mostrada na reportagem está cursando Pedagogia por um motivo. Em comum, todas têm vontade de ensinar. Durante 18 anos, a estudante Paula Trevisan trabalhou como advogada. Resolveu mudar quando apostou no sonho antigo.
“Eu já tinha feito magistério quando eu estava no colégio e isso começou a me dar saudade. E eu também gosto muito da maestria da área educacional, de coordenar as atividades de uma escola”, diz Paula.
Só que o caminho que as meninas estão escolhendo está ficando cada vez mais solitário. A turma de pedagogia de um instituto em São Paulo tem 45 alunos. Menos do que nos anos anteriores.
Para se ter uma ideia, segundo o Ministério da Educação, apenas 2% dos jovens que saem do ensino médio escolhem ser professores. Falta de um plano de carreira, baixos salários, pouca valorização. Tudo isso desestimula na hora de escolher. Enquanto essa realidade não mudar, a carreira de professor vai ficar cada vez mais distante de muita gente.
“A atratividade da carreira docente precisa mudar e isso implica também, não só o aumento de salário, mas a constituição de uma carreira mesmo”, afirma Regina Scarpa, doutora em Educação.
Para melhorar o ensino, o Plano Nacional da Educação espera, até 2024, alcançar algumas metas, entre elas garantir que os professores tenham formação superior, que pelo menos 50% de quem dá aula na educação básica tenha pós-graduação e valorizar o salário dos professores em relação a outros profissionais que também tenham nível superior.
O especialista em Educação Fernando Abrucio acredita que o plano é bom, mas que o Brasil avançou muito pouco.
“Nós temos que, ao mesmo tempo, melhorar a formação do professor, torná-lo alguém que saiba ensinar bem aos alunos e mudar a carreira do professor para atrair os melhores talentos do país para a docência e assim termos uma sociedade melhor para nossos filhos e netos”, diz.
Uma pesquisa feita em todo o país mostra que a cada quatro professores, um acredita que investir em educação é prioridade. Cinquenta por cento pedem aumento salarial e 48% esperam melhorar o plano de carreira.
Com tantos desafios e pouco incentivo, a pedagoga Consuelo Ribeiro desistiu de dar aulas. Não foi uma decisão fácil para a pedagoga, que passou mais de dez anos ensinando na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
“Quando você começa a colocar na ponta do lápis o que você precisa para estar na sala de aula, você vai perdendo, você vai vendo que não está compensando”, queixa-se a pedagoga.
Quem continuou na profissão, cobra a valorização do professor.
“Olhar o potencial que o professor tem. É ele que contribui para a educação que vai mudar com a sociedade, que vai tornar essa sociedade cada vez melhor”, destaca Andrea Luize, coordenadora de curso de pedagogia.
Uma outra meta do Plano Nacional de Educação, aprovada em 2014, é assegurar, em dois anos, planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior.
Bom dia Brasil-Edição do dia 12/10/2016/G1 - 12/10/2016 08h49 - Atualizado em 12/10/2016 13h29