Minas monta a maior recuperação da história para 114 mil alunos da rede pública
17/09/2019 16:38 em Educação

Projeto de reforço escolar com aulas extras em português e matemática começa na segunda-feira. Meta é combater reprovação e evasão escolar

 

Junia Oliveira/Siter Estado de Minas 

Postado em 17/09/2019 10:33 / Atualizado em 17/09/2019 10:43

A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet/Google/http://www2.educacao.mg.gov.br

 

A antiga “aula particular” é a aposta de Minas para combater a reprovação e o abandono da escola. Depois de vencer a primeira batalha e levar de volta às salas de aula quase 15 mil estudantes, o estado está montando em sua rede de ensino o maior reforço escolar da história para impedir que alunos abandonem novamente os colégios e ajudar aqueles que estão abaixo da média desejada a não tomar bomba.

 

As revisões em português e matemática têm como alvo adolescentes dos anos finais do ensino fundamental (6º a 9º ano) e dos três anos do ensino médio. As aulas começam a partir da próxima segunda-feira e serão ministradas no contraturno, durante dois meses, a 5.719 turmas distribuídas em todo o território mineiro. Um terço delas são formadas por jovens matriculados no 1º ano do nível médio, uma prova extra de que o grande gargalo da última etapa da educação básica vem realmente do ensino fundamental.

 

Haverá duas horas por semana de reforço em português e duas horas para matemática. De acordo com a secretária de Estado de Educação, Júlia Sant'Anna, as disciplinas foram escolhidas devido à estrutura da interpretação tanto textual quanto lógica, além de serem as balizadoras do aprendizado. São 114 mil vagas para melhorar o aprendizado em conteúdos identificados como os mais críticos nas avaliações que medem a qualidade do ensino, feitas no ano passado, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

 

As aulas começarão dia 23 e estão previstas para terminar no fim de novembro. O material a ser usado foi construído pela equipe da Secretaria de Estado de Educação (SEE). O quadro de professores para o reforço será formado por docentes efetivos que poderão complementar a carga horária caso tenham disponibilidade e, se necessário, serão chamados professores designados. A folha de pagamento do programa vai custar R$ 1 milhão a mais por mês aos cofres do governo.

 

Os quase 14.584 estudantes que estavam infrequentes ou haviam abandonado a escola são resultado de uma busca ativa feita pelas instituições. Até então sem conhecimento profundo do problema, a SEE pediu a professores e diretores que passassem a lançar a frequência num sistema da pasta que permite identificar quem largou o colégio ou está faltando demais. A partir disso, foi gerada uma lista nominal de alunos que muitas vezes estavam fora da sala de aula há muito tempo. “Fizemos uma simulação: no fim do segundo bimestre, qual seria a situação dos alunos se o ano acabasse naquele momento. Os números de reprovações eram muito altos”, conta Júlia Sant'Anna.

 

Foram identificadas as escolas que teriam mais reprovações e gerada uma lista nominal por ordem dos casos considerados mais graves, para formar turmas dos alunos que mais precisam. “Fortalece o aprendizado e reforça ao diretor a importância de buscar os que mais precisam”, relata. Caso o aluno não volte à escola, um documento de ciência registra que o responsável foi procurado para dar uma nova oportunidade àquele jovem”, relata a secretária. Assim, cada turma de reforço foi criada com base no seguinte critério: ela se formaria se pelo menos 20 alunos de uma mesma escola, turno e escolaridade estivessem abaixo da média esperada para uma “aprovação” caso o ano letivo terminasse no fim do primeiro semestre.

 

O resultado foi a criação das 5.719 mil turmas que vão concentrar 5,7% do total de alunos da rede estadual de ensino. O reforço servirá ainda para ajudar os alunos que voltaram para a escola a recuperar o tempo perdido, uma vez que todos foram reinseridos em suas turmas de origem.

 

A participação no reforço é voluntária. No caso da zona rural, deve ser criado um sexto horário para que os alunos não percam o transporte escolar para voltar para casa. Na área urbana, onde está a maior taxa de reprovação, as aulas vão ocorrer no primeiro horário do contraturno. A alimentação está garantida em todos os casos. “Estamos lutando para esse aluno não abandonar nem ser reprovado”, finaliza a secretária.

Distribuição de turmas

 

NÍVEL ETAPA LÍNGUA PORTUGUESA MATEMÁTICA TOTAL

 

Ensino fundamental anos finais

6º ano 419 435 854

7º ano 406 469 875

8º ano 255 306 561

9º ano 252 295 547

 

 

Ensino médio

1º ano 917 985 1902

2º ano 308 336 644

3º ano 167 169 336

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