O grupo mais próximo da presidente Dilma Rousseff já não esconde a preocupação com os efeitos dos depoimentos do marqueteiro João Santana e sua mulher Mônica Moura ao juiz Sérgio Moro. Santana e a mulher reconheceram que receberam recursos do petrolão via caixa 2 na eleição de 2010.
Diante da contundência do depoimento, o primeiro efeito colateral já aconteceu nesta sexta-feira (22). Dilma foi obrigada a mudar sua versão sobre pagamentos de suas campanhas. Até então, ela negava enfaticamente recursos de caixa 2 em campanha. Mas, pela primeira vez, em entrevista à rádio Jornal do Comércio, do Recife, Dilma mudou o discurso. Disse que não autorizou pagamento de caixa 2 para ninguém. "Se houve pagamento, não foi com meu consentimento", afirmou Dilma, com uma nova argumentação para os recursos de sua campanha.
O grande temor entre petistas é que os depoimentos desta quinta-feira de Santana e Mônica Moura já sinalizam para uma tentativa de acordo de delação premiada que tem potencial explosivo.
Isso porque o marqueteiro e sua mulher só admitiram ilegalidades naquilo que já tinha sido comprovado pela Operação Lava Jato. Petistas mais realistas avaliam que Santana, na delação, pode fazer um estrago envolvendo não só as campanhas de Dilma em 2010 e 2014, revelando novos fatos, mas também na campanha de Lula à reeleição em 2006.
Segundo interlocutores de Dilma, a situação hoje estaria pior caso o deputado afastado Eduardo Cunha tivesse admitido o pedido original para o impedimento de Dilma, que incluía não só as pedaladas de 2014, mas também fatos relacionados ao escândalo de corrupção originado pela Lava Jato.
"Independente de isso não ser o foco do processo de impeachment, é lógico que traz consequências políticas na análise do caso pelo Senado", admitiu ao Blog esse interlocutor de Dilma.
Seja qual for o resultado da votação no Senado, a avaliação de aliados é que a Lava Jato entrou na órbita de Dilma Rousseff de forma definitiva.