- - Sem dinheiro no bolso e com contas para pagar, a solução que parece mais fácil e às vezes a única alternativa para um endividado, é recorrer a empréstimos – especialmente aqueles sem burocracia. - - Em meio aos números vermelhos, as propagandas das financeiras e bancos são atrativas e se mostram como uma luz no fim do túnel. - - Mas dependendo das taxas de juros – que podem chegar a mais de 900% ao ano –, condições para pagamento e das próprias instituições, os consumidores correm o risco de ter um prejuízo ainda maior.
- “Sem informação e orientação é possível que o dinheiro, em vez de ajudar, piore a mais situação financeira do endividado. - - Para uma pessoa que está com dívidas, não é necessariamente uma nova oferta de crédito que vai resolver o problema”, alerta a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim. - - Pesquisa realizada pelo instituto com 63 instituições do país entre 20 de março e 27 abril constatou que, atualmente, há uma grande facilidade para obtenção de empréstimos, mesmo para aquelas pessoas que estão com os nomes em cadastros de restrição – os chamados “nome sujo”.
- - Foram analisados pelo Idec bancos e financeiras independentes ou vinculadas a lojas de departamento que oferecem empréstimos a seus clientes. - - O levantamento mostrou que as taxas de juros chegam a números exorbitantes, totalizando até 919% em 12 meses. - - E sem uma leitura atenta dos contratos, o consumidor poderá pagar ainda mais com a inclusão de serviços que encarecem o custo total, como seguro em caso de desemprego e títulos de capitalização.
- - Outra estratégia adotada é o alargamento do prazo para pagamento das parcelas – prática adotada principalmente por lojas de departamento. Geralmente, é “dado” ao consumidor um período de 120 dias para começar a quitar a dívida. - “Eles só não sabem que já há a incidência de juros nesse período. - - Quanto mais se distancia dos 30 dias iniciais, mais caro será o empréstimo”, diz Ione Amorim. No chamado crédito para negativados, o risco de prejuízos é ainda maior, com taxas de juros extremamente elevadas. - - De acordo com a pesquisa, há instituições cobrando 24% aos mês. “Isso é quase um convite para que a pessoa continue endividada”, pondera.
- - Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, alerta para outra facilidade que pode se tornar um perigo para o consumidor: o pagamento do valor mínimo do cartão de crédito. - - Sobre o saldo restante, são aplicados juros. “Fazer em empréstimo com um custo menor, às vezes é melhor que pagar o mínimo”, ensina. - - De acordo com ela, um grande problema é que, com o crédito fácil e a isenção de impostos, o brasileiro passou a comprar mais bens e produtos. - “Aí veio uma crise econômica, muitas pessoas usaram o cartão de crédito como um plus para o salário e depois perderam o emprego”, diz Dolci. - - Na dúvida, o melhor é sempre buscar informações em entidades de defesa do consumidor.
- - > EDUCAÇÃO:
- - Embora os índices cobrados não sempre sejam ilegais, cabe ação judicial por quem se sentir lesado. - - Geralmente a Justiça tem entendido que taxas abusivas são aquelas maiores que a média praticada no mercado ou acima do índice permitido pelo Banco Central. - - Também podem ser questionadas a aplicação de juros composto – mês a mês – e a cobrança de taxas e encargos predatórios, que podem somar até R$ 3 mil. - - O grande problema é que pouca gente recorre contra os abusos: de cada 10 cobranças indevidas, duas são contestadas, segundo dados do Portal do Empréstimo. O consumidor deve procurar o Procon ou Juizados Especiais de Consumo.
- - Diante desse cenário, analistas sempre alertam que o ideal é tentar procurar a empresa onde tem a dívida e tentar renegociar. - - Até porque, ao pagar a primeira parcela, o nome já é retirado da listagem de restrição a crédito. - - E claro, o ponto chave é uma educação financeira e controle dos gastos. “O consumidor deve ser educado desde cedo, desde a mesada que você paga para a criança, para que ela saiba que é preciso economizar”, adverte Maria Inês Dolci.
- - > Alerta ligado:
- - O consumidor que tiver 30% do seu orçamento comprometido com dívidas já deve se preocupar. - - O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) ensina que, para saber quanto do seu orçamento está comprometido, some todas as parcelas de financiamentos que paga, incluindo as compras parceladas em lojas (mesmo que não incidam juros sobre elas). - - Divida o resultado por sua renda total. Se o rendimento não for fixo, considere o valor total no pior cenário. Se o resultado for maior do que 0,3 ou 30% comece a se preocupar. - - Para reverter o quadro, é importante dar preferência à quitação das dívidas, abrir mão de alguns gastos pessoais, de lazer e fazer pequenas economias.
- - - - - - - - > Isabella Souto /EM - Atualizado em 13/06/2016 08:03