Presidenciáveis se enfrentaram no programa transmitido ao vivo
Na luta por uma vaga no segundo turno da disputa pelo Palácio do Planalto, os candidatos a presidente da República centraram críticas ao PT de Fernando Haddad e evitaram citar nominalmente Jair Bolsonaro (PSL), o primeiro colocado nas pesquisas de intenção de votos, durante debate promovido na noite desta quarta-feira no SBT.
A crítica mais contundente veio do senador Alvaro Dias (Podemos) que alertou os eleitores para evitarem “o retorno desta organização criminosa”, mas Haddad também ouviu Geraldo Alckmin dizer que fará de tudo para que o PT não volte ao poder, enquanto Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) “dispensaram” uma participação do PT no governo caso sejam eleitos.
Um dos raros momentos em que o nome de Bolsonaro apareceu no debate foi durante uma pergunta feita por jornalista a Álvaro Dias. Questionado se o candidato apoiaria o candidato do PSL em um eventual segundo turno, Álvaro Dias disse acreditar “ no despertar do povo brasileiro, não é possível que vão querer esse confronto entre candidatos da extrema-direita e extrema-esquerda”.
Sem responder a pergunta, afirmou que pretende evitar a “volta de organização criminosa” e citou as mortes do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) e de outros petistas. “Não é possível que tenhamos novamente esse banho de sangue”.
Marina partiu para o embate com Haddad dizendo que atualmente o país “está no fundo do poço”, fruto da “corrupção” encabeçada pelo PT e MDB. Ela ainda disse que a situação foi agravada durante o governo Temer e acusou o PT de o ter colocado na Presidência, já que era vice na chapa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Na réplica, Haddad contra-atacou dizendo que Temer só está na presidência porque o partido de Marina e outras legendas se juntaram para dar “um golpe” e retirar a petista do poder. Ciro Gomes não perdeu a oportunidade de dizer que se for eleito "prefere governar" sem o PT. Haddad reagiu dizendo que Ciro "há poucos meses atrás me convidava a ser vice". "Ele chamava esta chapa de dream team", disse.
Ciro e Haddad, no entanto, fizeram uma “dobradinha” ao criticar a Emenda Constitucional 95, que trouxe o teto dos gastos. Enquanto o pedetista ressaltou a necessidade de retomar as obras públicas paradas, o petista defendeu as reformas bancária, tributária e fiscal e criticou o apoio do PSDB ao teto dos gastos.
Guilherme Boulos (PSOL) preferiu fazer críticas a Geraldo Alckmin (PSDB), comparando-o ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, preso pela Operação Lava-Jato. O assunto foi as denúncias de desvio de recursos da merenda escolar e fechamento de salas de aula em São Paulo, durante a gestão do tucano no governo paulista.
Diante de uma resposta limitada a enumerar melhorias no sistema de educação durante a sua gestão, Boulos foi enfático com o tucano: “Você apresenta um paraíso aí que não existe. Você sabe que não é nenhum santo. Você é o Sérgio Cabral que não está preso”. A tréplica foi no mesmo tom: “Sempre trabalhei, nunca invadi propriedades”, afirmou Alckmin, referindo-se ao fato que Boulos é uma das lideranças do movimento dos sem-casas. O tucano completou ainda que ninguém da sua equipe foi envolvido na máfia das merendas.
Polarização
A polarização da disputa entre Bolsonaro e Haddad foi tema do debate em diversos momentos. Já nas considerações finais, Ciro Gomes fez um discurso para quem não quer votar em nenhum dos dois candidatos.
“O Brasil não aguenta mais essa polarização, esse enfrentamento de um votar contra o outro produz o que vemos desde 2014. Quero propor a você que me dê uma chance”, afirmou Ciro, lembrando que as pesquisas mostram que ele é capaz de vencer os dois adversários em um eventual segundo turno.
“Mas para isso, eu preciso chegar lá”, comentou. "O PT representa coisas muito graves para o país. Se transformou em um estrutura odienta, que gerou Bolsonaro, esta aberração", continuou.
Marina Silva (Rede) não respondeu se iria apoiar Haddad ou Bolsonaro no segundo turno e clamou pelo votos das mulheres para evitar essa polarização. Já Alckmin chamou de "insensatez" a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).
Participaram do debate os candidatos Guilherme Boulos (PSOL), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Cabo Daciolo (Patriota), Álvaro Dias (Podemos). Jair Bolsonaro não participou por estar internado.
Por Isabella Souto / Marcelo Ernesto/Site Estado de Minas
Postado em 26/09/2018 17:41 / Atualizado em 26/09/2018 20:23
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