Se por um lado os estilos de cada candidato ficaram claro para os eleitores, as propostas de governo foram pouco exploradas ao longo das três horas de discussão
No primeiro encontro para debater propostas para o Brasil, os candidatos à Presidência da República não perderam oportunidades de alfinetar relembrar polêmicas dos adversários. Mas em alguns momentos houve afagos entre eles. A violência pública e o alto índice de desemprego foram os temas mais discutidos pelos presidenciáveis no debate de ontem, na Rede Bandeirantes. Se por um lado os estilos de cada candidato ficaram claro para os eleitores, as propostas de governo foram pouco exploradas ao longo das três horas de discussão.
Logo nos primeiros minutos do debate, quando os candidatos foram questionados sobre as medidas que pretendiam tomar para gerar empregos, houve troca de farpas. O candidato do Patriota, deputado Cabo Daciolo, começou criticando os adversários, que segundo ele são “todos representantes da velha política”. O militar criticou Álvaro Dias, que se apresentou falando do seu passado, mas não entrou na pergunta proposta sobre a criação de empregos.
“O candidato falou, falou e falou, mas não falou nada. Essa turma aqui do meu lado representa a velha política do Brasil. Chega dessa velha política. Ela engana o povo. Falam tudo mas não resolvem nada”, disparou Daciolo, que apesar de não aparecer com pontuação nas pesquisas de intenção de voto, teve seu nome entre os principais trend topics das redes sociais. Ele citou os sete mandatos de Jair Bolsonaro como deputado como exemplo da velha política.
A candidata da Rede Marina Silva também criticou os partidos que governaram o país nos últimos anos – em referência ao PT, PSDB e ao MDB – e citou a repetição de promessas não cumpridas por governantes. “Aqueles que criaram o problema não serão aqueles que vão resolver o problema”, disse Marina. Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Henrique Meirelles não entraram nas polêmicas logo de cara e ressaltaram a experiência em outros cargos da administração pública. Coube ao deputado Jair Bolsonaro, do PSL, rebater a crítica de Daciolo: “Olha Cabo Daciolo, na verdade, eu tenho 46 anos de serviço púbico, com muita honra”.
Quando fizeram perguntas diretas para seus adversários, os candidatos aproveitaram para provocar e levantar temas polêmicos. “O Brasil sabe que você é racista, machista e homofóbico Bolsonaro. Mas você também recebeu auxílio-moradia e fez da política um negócio familiar. Poderia explicar para o país quem é a senhora Val?”, perguntou Guilherme Boulos, candidato do PSOL, ao capitão reformado do Exército, citando o caso de uma funcionária do gabinete do parlamentar.
“Val é uma funcionária que trabalha em Angra dos Reis. Pessoa humilde e trabalhadora, que prestou um serviço ótimo. Meus filhos nunca estiveram envolvido com nada de errado na política. Me orgulho da minha honestidade e não de invadir propriedade privada dos outros. Mas não vou bater boca com um desqualificado como você”, respondeu Bolsonaro, alfinetando Boulo, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva fizeram perguntas ao candidato do PSDB Geraldo Alckmin, questionando o apoio dos tucanos ao governo do presidente Michel Temer (MDB) e à coligação do centrão que declarou apoio ao candidato do PSDB. O ex-governador paulista defendeu a reforma trabalhista e citou a necessidade de se construir uma base parlamentar para conseguir aprovar reformas no Congresso Nacional.
Em alguns momentos, a troca de farpas entre os presidenciáveis deu lugar a brincadeiras, ironias e até troca de afagos entre os candidatos. Bolsonaro elogiou a proposta de Álvaro Dias (Podemos) para que o BNDES não faça empréstimos a governos que seriam, segundo ele, “ditaduras autoritárias”. “Grandes empreiteiras realizaram obras em Cuba, Venezuela e Moçambique em vez de investir em nossa infraestrutura. No nosso governo não vamos permitir parcerias com ditaduras que esmagam seus povos”, afirmou Dias.
Até mesmo Boulos e Daciolo se uniram para criticar as desonerações para o setor financeiro e a taxação de grandes fortunas. “Essa crise é mentirosa. Vamos entrar com uma auditoria da dívida pública e pegar os sonegadores de impostos. Dinheiro é o que mais tem nesse país”, afirmou Daciolo. O candidato do PSOL replicou no mesmo tom: “Não somos um país pobre. O dinheiro existe, mas está mal distribuído”.
Por Marcelo da Fonseca/Site Estado de Minas
Postado em 10/08/2018 02:10
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