Gilmar sobre foro: 'Numa democracia, não se elimina o Legislativo'
Política
Publicado em 05/05/2018

Ministro do STF defendeu que os parlamentares devam criar uma lei para tratar do assunto

 

 

Um dia depois do julgamento que resultou na restrição do foro privilegiado a parlamentares, o ministro Gilmar Mendes afirmou que o debate sobre o tema é uma "falsa questão". 

 

 

O ministro, que ontem discorreu em críticas ao Judiciário e argumentou que a restrição não dará celeridade à Justiça, defendeu a prerrogativa do Congresso de legislar sobre o tema.

 

"Numa democracia, não se elimina o Legislativo, embora no Brasil muitas vezes queiramos fazê-lo", disse Gilmar, que participou de um encontro com correspondentes da imprensa estrangeira, no Rio de Janeiro.

 

Gilmar também desenhou cenários sobre a remissão de processos para a primeira instância. "Pensem num político importante de um Estado do Nordeste ou do norte, e sendo investigado por uma comarca local", disse. 

 

"Comecem imaginar agora os processos que vão baixar de instância, e vejam como estará em seis ou oito meses." Ainda segundo o ministro, "a Justiça Criminal brasileira não é a 13ª Vara Federal de Curitiba".

 

O ministro lembrou o voto proferido ontem em favor da restrição do foro também para outros cargos e aproveitou para mencionar o episódio do ex-procurador da República Marcello Miller. "O caso que nos constrange a todos, o Miller, está sendo investigado pela procuradoria", engatou.

 

Lula e a Ficha Limpa

 

Gilmar comentou ainda a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar a prisão antes da eleição. "Tenho pra mim que hoje está definido que ele é inelegível, por força da Lei da Ficha Limpa", declarou. 

 

Ele lembrou que a regra, que prevê a inelegibilidade de políticos condenados em órgão colegiado, foi aprovada "quase que por unanimidade e teve apoio de entidades ligadas ao PT".

 

"Não vejo possibilidade (de Lula se tornar elegível). A hipótese seria a revogação da própria condenação", disse. "E tenho a impressão que o próprio Lula sabe disso."

 

"É fácil entender a posição do PT: o PT tão tem um plano B", emendou, ao falar sobre as alternativas de candidatura do partido do ex-presidente. "Eles não têm nenhuma outra força que racionalize isso, apesar de ter outros nomes", emendou. 

 

A expectativa é de que, com Lula fora da disputa, nomes como o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner possam ocupar a cabeça de chapa do partido.

 

 

 

Por Estadão Conteúdo/Site Estado de Minas

Postado em 04/05/2018 17:24 / Atualizado em 04/05/2018 17:38

A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet

 

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