Em discurso nesta terça-feira (17) em Plenário, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) atribuiu a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ódio de classes, à intolerância e ao preconceito da elite e da classe média. Para o senador, o sucesso de Lula, um operário nordestino, na Presidência da República, levou ao movimento de ódio que por fim o colocou na cadeia.
Requião elogiou os governos de Lula, de prosperidade e diminuição da desigualdade social. E comparou o momento atual, em que se fortalece um discurso à direita, com o tempo da ascensão do fascismo e do nazismo na Itália e na Alemanha, antes da Segunda Guerra. No entendimento do senador, ao promover a inclusão social, Lula "provocou urticária" nas classes dominantes e deixou a classe média "enfatuada, incomodada e injuriada".
— As políticas de inclusão, de promoção humana, a política do salário mínimo e dos aumentos reais para os aposentados, a política de geração de empregos, que tecnicamente, zerou o desemprego no nosso país, as políticas de abertura das universidades para os filhos dos trabalhadores, a política habitacional, a redenção da agricultura familiar, a extensão dos benefícios da energia elétrica e do saneamento a amplas camadas da população, essas iniciativas, todas da Presidência Luiz Inácio, tornaram visíveis dezenas de milhões de brasileiros até então imersos no anonimato secular da pobreza, da fome e da miséria — afirmou Requião.
O parlamentar criticou duramente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o "príncipe dos sociológos", por, a seu ver, contribuir para fortalecer o preconceito contra Lula. E atacou a grosseria, a falta de polidez, de respeito e de boas maneiras com que Lula teria sido tratado pela imprensa e pelas classes dominantes.
— Cada vez mais, convenço-me de que a polidez, o refinamento e a amabilidade não são próprios das classes que, em uma sociedade de classes, são as classes dominantes, a minoria dominante. Quando os conflitos sociais agudizam-se, as classes dominantes tendem a perder as estribeiras, os bons modos e destrambelham-se. O ódio de classes torna-se mais forte do que todas as convenções humanas, sociais e políticas — declarou Requião.
O senador pediu sabedoria, ponderação, sensatez e razoabilidade para evitar "o rompimento das pontes que ainda fazem a sociedade interagir e se comunicar". Mas sublinhou que se não propõe diálogo com extremistas de direita.
— As lições da história estão aí. E os bárbaros estão chegando. Quem quer pagar para ver no que vai dar?
Saiba mais
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Por Agência Senado - Da Redação e Da Rádio Senado | 17/04/2018, 19h53
A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet