O advogado José Yunes, ex-assessor e amigo pessoal do presidente Michel Temer, foi até a Procuradoria Geral da República, de forma espontânea, para afirmar que recebeu um pacote das mãos do doleiro Lúcio Funaro para que fosse entregue ao atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Mas, de acordo com Yunes, ele não sabia o que tinha no pacote.
No vídeo do depoimento, publicado pela revista Veja, o advogado afirma que em 2014, Padilha o telefonou para pedir um favor a José Yunes. O ex-ministro enviaria um documento para o escritório de advocacia de Yunes, e Funaro iria até lá para buscar. Um outro pacote teria sido deixado no local para entregar a Eliseu Padilha, segundo o relato feito para os procuradores.
O doleiro Lucio Funaro afirmou, em depoimento do acordo de delação premiada, que buscou uma caixa com 1 milhão de reais no escritório de José Yunes, valor que seria usado como caixa 2 em campanhas eleitorais do PMDB.
José Yunes disse que nunca tinha visto Lúcio Funaro antes. O ex-assessor de Temer também afirmou que, ao pesquisar a respeito do doleiro na internet depois do encontro, ficou “chocado” com o que encontrou.
Em depoimento do acordo de delação premiada, o executivo da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, afirmou ao Ministério Público Federal que o presidente Michel Temer pediu, em um jantar realizado em maio de 2014, que a empreiteira disponibilizasse 10 milhões de reais para campanhas eleitorais do PMDB. O ministro Eliseu Padilha ficaria responsável por 4 milhões de reais.
Na época da divulgação do depoimento, o Palácio do Planalto publicou nota repudiando a afirmação do executivo, e afirmando que todas as doações da Odebrecht ao PMDB foram feitas legalmente, via transferência bancária.
A reportagem tentou entrar em contato com a defesa do ministro Eliseu Padilha, mas até o momento não teve sucesso. Ele já tinha afirmado ser mentira a acusação de Cláudio Melo Filho.