O pagamento de propina a peemedebistas foi verificado em perícia realizada pelo Ministério Público Federal em documentos apreendidos no sistema da Odebrecht
EM - Estado de Minas
Postado em 21/09/2017 06:00 / Atualizado em 21/09/2017 07:31
Brasília – Perícia em documentos apreendidos no sistema da Odebrecht para fazer os pagamentos de propina registra repasses a ministros e ex-ministros e outros aliados do presidente Michel Temer.
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O grupo é formado por Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Eduardo Cunha (ex-deputado e ex-presidente da Câmara), Henrique Eduardo Alves (ex-deputado e ex-presidente da Câmara) e Geddel Vieira Lima (ex-ministro da Secretaria de Governo), todos do PMDB. Henrique Alves e Geddel estão presos.
O relatório do Ministério Público Federal foi anexado ao inquérito que concluiu que a cúpula do PMDB formou organização criminosa, segundo reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo.
A investigação encontrou comprovantes no sistema de comunicação do departamento de propina da Odebrecht (drousys) que confirmam pagamento aos caciques do PMDB para garantir obras públicas para a construtora, a maioria em 2010.
De acordo com a perícia, Padilha recebeu R$ 1,4 milhão em sete pagamentos com o codinome “Bicuíra”, outros R$ 4,6 milhões com o codinome “Primo” e R$ 200 mil com um palavrão como codinome. A perícia também comprovou que os documentos indicam pagamentos de R$ 7 milhões a “Angorá” (que seria Moreira Franco.
As planilhas apontam também que Eduardo Cunha recebeu R$ 300 mil com o codinome “Calota” e R$ 28,6 milhões como “Caranguejo”. Já Geddel recebeu R$ 2,1 milhões e R$ 100 mil com o codinome “Babel”.
As planilhas apontam ainda dois pagamentos no total de R$ 2 milhões feitos pela Odebrecht a Henrique Eduardo Alves, identificado como “Fanho”.
A Procuradoria-Geral da República descobriu também que, além dos repasses desses R$ 46 milhões, a cúpula do PMDB recebeu depósitos de US$ 20,8 milhões (mais de R$ 60 milhões) no exterior, relativos a um contrato com a Petrobras.
TEMER
Os procuradores sustentam ainda que Michel Temer participou das negociações com os executivos da Odebrecht que acertaram o pagamento.
A promessa de propina pelo contrato da Petrobras teria sido feita em reunião “no escritório político de Michel Temer, em 15 de julho de 2010, com a presença dos executivos da Odebrecht Márcio Faria e Rogério Araújo, do operador do PMDB João Augusto Henriques, do próprio Temer, Cunha e Henrique Eduardo.”
A reportagem do Jornal Nacional mostra Márcio Faria revelando detalhes do encontro na delação fechada em dezembro do ano passado: “Doutor, chegamos, nos anunciamos, nos colocaram numa salinha de espera.
Chegando na sala, cumprimentei Eduardo Cunha, que estava também já na sala de espera. A gente se cumprimentou e logo fomos anunciados. Fomos anunciados, entramos numa sala maior e nessa sala estava presente o Michel Temer, que sentou na cabeceira, como se fosse aqui. Eu sentei aqui. Rogério aqui. Do lado de lá, Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e o João Augusto mais atrás. Foi assim que chegamos e ficamos na reunião.”
Segundo Márcio Faria, “ficou acertado que a Odebrecht pagaria ao PMDB propina de 4% do valor do contrato assinado entre a Petrobras e a Odebrecht em 26 de outubro de 2010 no valor de US$ 800 milhões.”
DEFESA
As defesas de Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha negam as acusações. Eliseu Padilha afirmou que, quando as investigações forem concluídas, vai se defender. Moreira Franco afirmou que repudia as acusações porque foram levantadas por delatores “assumidamente criminosos”.
O Palácio do Planalto declarou que Temer contesta de “forma categórica o envolvimento do nome dele em negócios escusos”. A defesa de Geddel não quis se manifestar e a de João Henriques negou que ele seja operador.