Saúde anuncia recursos para estímulo precoce e avaliação de crianças com zika
Saúde/Ciência
Publicado em 13/09/2017
Sumaia Vilela - Correspondente da Agência Brasil - 12/09/2017 - 19h45 - Recife/Site EBC
Salvador - A água morna melhora o desconforto dos movimentos das crianças com microcefalia (Sayonara Moreno/Agência Brasil)

Água morna reduz desconforto que crianças

com microcefalia têm com os movimentos

Sayonara Moreno/Agência Brasil

O Ministério da Saúde anunciou investimento de R$ 26,8 milhões em duas ações para o acompanhamento e o estímulo precoce de bebês com Síndrome Congênita do Zika, cuja malformação mais conhecida é a microcefalia. O anúncio foi feito nesta terça-feira (12), no Recife, pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Desse total, R$ 15 milhões serão destinados a equipes de Núcleo de Apoio à Saúde da Família que contam com profissionais de fisioterapia. De acordo com o Ministério da Saúde, das 4.655 unidades existentes no país, 4.143 contam com esse tipo de profissional. Cada equipe receberá R$ 3,6 mil para aquisição de material destinado a estimular bebês a desenvolverem os sentidos e a coordenação motora .

Uma lista com sugestões de material para compra será incluída na portaria publicada amanhã (13), informou a área técnica do ministério. São objetos como colchonetes, bolas, brinquedos e martelo de reflexo, já tratados em protocolos nacionais de atendimento desses bebês. Os municípios terão, porém, liberdade para definir o que devem comprar, baseados também na necessidade de cada criança. As prefeituras receberão os recursos em parcela única por meio do Piso da Atenção Básica (PAB variável).

Os recursos são bem-vindos, disse o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia. "A maioria das crianças aqui em Pernambuco já ultrapassa o primeiro ano de vida. e novos desafios são identificados a cada dia", disse Correia.

Perguntado se os recursos para compra de material de estímulo precoce não teriam chegado tarde, já que os profissionais da área recomendam que o trabalho comece nos primeiros meses de vida, o secretário disse que existem bebês pernambucanos que têm a síndrome e estão fazendo 2 anos de idade. O município do Recife, por exemplo, aportou "os recursos possíveis" desde o primeiro momento para garantir o acolhimento e iniciar a reabilitação precoce, acrescentou Correia. "A gente sabe que, quanto mais cedo começa [o estímulo precoce], melhores os resultados. A chegada desses recursos agora é um reforço."

A neuropediatra Vanessa van der Linden, uma das primeiras médicas a identificar as malformações associadas ao Zika, disse que é preciso também que os recursos sejam usados para acompanhar as crianças mais velhas, nascidas no começo da epidemia. “Vai ser importante para entender como estão essas crianças, que tem em torno de 2 anos. A gente fazer uma avaliação padronizada a nível nacional. Porque eu só posso fazer tratamento se entender quais são os principais problemas: o que leva elas ao hospital, à piora do quadro.”

Metade dos casos ainda em investigação

Os R$ 11,8 milhões restantes serão destinados aos estados para custear avaliações, diagnósticos e acompanhamento dos 5,3 mil casos confirmados e em investigação de crianças com a síndrome associada ao vírus Zika. São R$ 2,2 mil correspondente a cada criança. Dos 5,3 mil registros, pouco mais de 2,6 mil bebês ainda não têm o diagnóstico conclusivo de malformações associadas ao vírus – quase metade do total.

As ações de avaliação dos casos servirão para que se possa acompanhar a evolução da síndrome e tomar providências. "Temos alguns casos que ainda não foram confirmado,s nem descartados, e nesse novo levantamento terão uma conclusão”, disse o ministro Ricardo Barros. A avaliação e o acompanhamento dos casos podem ajudar pesquisadores e o próprio governo a reunir evidências e identificar necessidades das crianças afetadas pela arbovirose, acrescentou.

Esta é a segunda vez que o Ministério da Saúde destina recursos adicionais para investigação de casos de síndrome congênita do zika. No ano passado, R$ 2,2 mil por criança foram liberados em duas parcelas, o que deu aproximadamente R$ 15 milhões. Com isso, 6.694 casos foram esclarecidos em 2016.

A portaria foi assinada hoje por Ricardo Barros e será publicada amanhã (13). O ministro fez o anúncio no Encontro Regional: Fortalecimento da Atenção Básica na Articulação das Redes de Atenção à Saúde, que começou hoje e vai até o dia 14, no Recife. O evento reúne gestores e técnicos dos noves estados do Nordeste.

Casos de zika

Desde 2015, foram feitas 14.577 notificações de possíveis casos e registradas 883 mortes causadas pela síndrome. Em agosto deste ano, de acordo com o Ministério da Saúde, 20% dos casos foram confirmados, 21% permanecem em investigação e 44% foram descartados. Os casos de microcefalia diminuíram mais de 92% em 2016 e 2017. Ainda de acordo com o ministério, a rede de reabilitação do Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 2.323 serviços credenciados.

Viva Mais SUS

Também no evento, foi lançada uma websérie de 16 episódios chamada Viva Mais SUS. Os vídeos contam histórias de pessoas que recorreram ao sistema público de saúde brasileiro e tiveram suas vidas impactadas de alguma forma pelo serviço. De acordo com o Ministério da Saúde, o objetivo é mostrar como o SUS está presente na vida dos brasileiros. A série também falará sobre prevenção e cuidados com a saúde.

O primeiro episódio foi exibido no evento. As personagens são Vera e Josimary e seus filhos, Abraão e Gilberto, têm microcefalia. O vídeo mostra a relação entre ambas e os profissionais do SUS que acompanham as crianças. A websérie estará disponível em www.saude.com.br/vivamaissus.

Edição: Nádia Franco
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