Postado em 23/08/2017 20:39 / Atualizado em 23/08/2017 22:46
Alessandra Mello/Site Estado de Minas
O procurador da República Deltan Dallagnol, um dos coordenadores da Lava-Jato, criticou em sua página no Facebook a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, de mandar soltar réus que já tiveram sua sentença confirmada em segunda instância.
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Em sua postagem, feita por volta das 20h, ele questiona o que o ministro “busca com isso?”. Em menos de uma hora, a postagem do procurador já tinha cerca de 1,5 milhão de curtidas e 530 compartilhamentos.
No texto, ele exalta a decisão do juiz Sérgio Moro, que julga as ações da Lava-Jato na primeira instância, de mandar prender Marcio Bonilho, dono da Sanko Sider, e Waldomiro de Oliveira, apontado como “laranja” do doleiro Alberto Youssef, e faz um contraponto com a postura do ministro que determinou a soltura do ex-presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora, Vicente de Paula Oliveira, o Vicentão, condenado por crime contra a ordem tributária.
“Hoje, o ministro Gilmar Mendes decidiu que o réu NÃO PODE ser preso mesmo depois da condenação em segunda instância. O ministro quer que se aguarde a TERCEIRA INSTÂNCIA. A decisão beneficiou hoje o mensaleiro João Paulo Cunha, ex-Deputado Federal. Casos de corrupção como o Propinoduto foram julgados na terceira instância após mais de 10 anos e prescreveram, isto é, os crimes de corrupção jamais foram ou serão punidos. O resultado é impunidade. Na Lava-Jato e em qualquer caso de réus poderosos. O que se busca com isso?”, postou o procurador.
Na verdade, João Paulo Cunha citado por Dallagnol advoga para o ex-presidente da Câmara de Juiz de Fora. Cunha foi condenado na ação penal 470, conhecida como mensalão.
Semana passada procuradores federais que fazem parte da força-tarefa da Lava-Jato contestaram o habeas corpus concedido ao empresário do setor de ônibus Jacob Barata Filho por Gilmar pediram seu impedimento em processos que envolvam o empresário de ônibus. Gilmar é Gilmar é padrinho de casamento da filha do empresário, casada com o sobrinho da esposa do ministro.
Em junho diversos juristas apresentaram ao Senado um pedido de impeachment de Gilmar sob a alegação de que ele praticou atividade político-partidária junto a parlamentares, o que é vedado a magistrados.