Em delação premiada, Lúcio Funaro afirmou que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o monitorava por meio de três advogados a fim de evitar que fechasse um acordo de colaboração. O criminalista Daniel Gerber, um dos acusados por Funaro, critica a Procuradoria-Geral da República por conceder benefícios a delatores que, segundo ele, relatam acontecimentos sem a mínima sustentação lógica.
Ele era advogado do agora delator e diz que, à época dos fatos narrados, tentava fechar acordo com a PGR, contrariando os interesses do Palácio do Planalto. “Se hoje sou advogado do ministro Padilha, o sou por competência e lealdade aos clientes, não por motivos escusos", afirma.
Além disso, ele comenta que, quando Funaro foi preso, conseguiu que fosse realizada uma audiência de custódia para dar início à colaboração com o Poder Público. Depois, o processo foi para 1ª instância e ele seguiu as tentativas: reuniu-se com os delegados do caso para firmar um acordo, mas Funaro rompeu o contrato e ele deixou o caso.
O acordo de Funaro foi homologado pelo ministro Luiz Edson Fachin na última semana.
Gerber afirma que e-mails trocados com a PGR quando estava na defesa de Funaro comprovam que nunca houve monitoramento, mas o contrário, pois demonstram que ele se esforçou para firmar acordo com a procuradoria-geral.
O advogado diz que, em primeiro grau, o MPF “foi mais sensato”. “Infelizmente, porém, Funaro trocou de advogado antes de irmos adiante, acreditando em facilidades outras que eu jamais poderia oferecer", acusa.
Revista Consultor Jurídico, 14 de setembro de 2017, 7h33/Site Conjur