Magistrados pedem a volta da divulgação da lista suja de empregadores
Justiça/Direito
Publicado em 27/01/2017
 
 
 
 04:45 Direitos Humanos,Notícias 26/01/2017 - 21h03 Rio de Janeiro Embed

Tâmara Freire

Um crime bárbaro, mas que compensa  para os criminosos diante da falta de mecanismos de coibição. É  assim que a Associação de Magistrados do Trabalho da primeira região vê o trabalho escravo no Brasil.

 

A lei que determina a expropriação de terras de empresas que explorem essa mão de obra carece de regulamentação. A  não concessão de empréstimos públicos para empregadores irregulares é apenas uma recomendação e a lista que divulgava os exploradores não é editada desde 2014.

 

Há  fiscalização e graças a ela  mais de 660 pessoas foram resgatadas no ano passado, mas a diretora de Direitos Humanos da Amatra, Daniella Muller, defende maior prejuízo econômico e para a imagem dos condenados.

 

O retorno da divulgação da chamada lista suja é a grande exigência dos magistrados do trabalho.

 

A  lista foi criada por uma portaria interministerial em 2003 e parou de ser publicada em 2014  graças a uma liminar do STF que deu ganho de causa para a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias.

 

Em maio de 2016 , após o governo federal reeditar a portaria contestada , a proibição foi suspensa pelo próprio STF.

 

Apesar disso, o governo não relançou o cadastro de empregadores até hoje e é por essa razão que Daniella acredita que a discussão de uma importante mudança está parada no Congresso.

 

O projeto de lei do ex-deputado Moreira Mendes pretende redefinir as práticas consideradas análogas à escravidão com a retirada das jornadas exaustivas e das condições degradantes da lei atual.

 

No final do ano passado, a Justiça determinou que a lista fosse divulgada até este mês de janeiro,  mas a Advocacia Geral da União recorreu e obteve a suspensão da liminar.

 

O Ministério do Trabalho e Emprego afirmou que a escolha de não divulgar a lista se deve ao longo histórico de judicialização envolvendo o mecanismo e por isso um grupo de trabalho foi criado com o objetivo de aprimorar o modelo de produção e divulgação do cadastro de empregadores  para dar mais segurança jurídica.

 

O grupo tem data prevista de encerramento no dia 29 de julho quando uma nova proposta de diretriz normativa será divulgada  ainda assim a diretora de direitos humanos da Amatra acredita que a decisão é política.

 

Uma relação recente, no entanto, pode ser visualizada no site da ONG Repórter Brasil que obteve os 350 nomes incluídos entre abril de 2014 e abril de 2016 via Lei de acesso à informação.

 

O cadastro contém apenas casos caracterizados como de trabalho análogo ao de escravo e nos quais os empregadores já tiveram direito à defesa em primeira e segunda instância.

 

O  estado onde foi registrado o maior número de casos foi o Pará e o setor com mais violações foi o agropecuário.


 

Tâmara Freire - 04:45 - Direitos Humanos , Notícias - 26/01/2017 - 21h03 - Rio de Janeiro - Embed/Site EBC

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