O que o bilionário que quer a Oi tem a ver com os refugiados
22/06/2016 14:06 em Economia

- - São Paulo - O bilionário egípcio Naguib Sawiris ganhou as manchetes nos jornais do Brasil hoje por se mostrar interessado em comprar a Oi, que entrou com pedido de recuperação judicialcom uma dívida de R$ 65,4 bilhões.

- - Mas, em setembro, o mesmo empresário estampava sites e jornais do mundo todo por um motivo mais nobre: ele havia anunciado a intenção de comprar uma ilha para abrigar as famílias dos refugiados, em meio ao caos da onda de fuga das pessoas para a Europa.

- "Grécia ou a Itália, me vendam uma ilha e declarem sua independência para abrigar lá imigrantes e proporcionar trabalho no desenvolvimento do novo país", escreveu ele em sua conta no Twitter, na época.

- - Segundo homem mais rico do Egito, com uma fortuna estimada em US$ 3 bilhões pela Forbes, Sawiris não concretizou o plano, para tristeza de quem via esperança em sua boa ação.

- - Aos 62 anos, o egípcio demonstra mais vontade de desbravar o mercado emergente de telefonia, além dos negócios que já possui.

- - Dono da estação de televisão ONTV, uma das maiores de seu país, ele adquiriu uma participação majoritária no canal de notícias francês Euronews no ano passado.

- - Na área de telecom, onde ele acumulou seus bilhões, detém o controle da Orascom Telecom Mídia e Tecnologia (OTMT), uma empresa de capital aberto no Cairo.

- - Possui ainda negócios da mesma linha no Líbano e Paquistão, mas deixou a área de telefonia celular no Egito há pouco tempo, com a venda das ações que detinha na Mobinil de Orange, anteriormente conhecida como France Telecom.

- - Na Coreia do Norte, a OTMT operava a única empresa de telecomunicações móveis 3G do país, a Koryolink, mas perdeu o controle sobre a operação depois de uma manobra do governo norte-coreano.

- - > Investida no Brasil:

- - Por aqui, Sawiris já havia mostrado interesse em adquirir uma participação na Oi, a operadora mais endividada do país. Hoje, no entanto, o bilionário deixou clara sua intenção.

- "A Oi precisa de um acionista com uma sólida experiência em telecomunicações para resolver os seus problemas operacionais, além de cuidar de suas dívidas financeiras", disse Sawiris em uma entrevista por telefone à Bloomberg.

- - Sawiris disse que uma fusão entre Oi e Tim faria "muito sentido", mas que antes disso a Oi teria de conseguir caminhar sozinha.

- - De acordo com a agência, o plano dele era o de traçar uma parceria com o investidor russo Mikhail Fridman no negócio, sem detalhar de que forma isso aconteceria.

- - No ano passado, Fridman havia feito uma proposta de US$ 4 bilhões pela Oi, com a condição de que uma fusão com a Tim acontecesse.

- - Em fevereiro, depois da resistência da operadora italiana ao negócio, o fundo russo desistiu do negócio.

- - > Urgência de capital:

- - O pedido de recuperação judicial da Oi não foi bem uma surpresa, mas o tamanho do endividamento da companhia assustou o mercado – e os consumidores.

- - A empresa enfrentava dificuldades societárias e financeiras desde sua origem e negociou por um bom tempo um acordo entre credores, acionistas e sócios, sem sucesso.

- - Acabou por acumular uma dívida de R$ 65,4 bilhões, a maior da história do país, sendo que R$ 51 bilhões do montante são com bancos e investidores de dentro e fora do Brasil.

- - A decisão pela recuperação judicial veio depois do fracasso nas negociações privadas com os credores internacionais, que possuem 62% da dívida financeira.

- “A empresa admite que, além de tudo que pode gerar de caixa com a operação, queimaria mais R$ 7 bilhões para honrar o pagamento de juros de dívida, sem considerar o vencimento de principal”, afirma a corretora Planner em relatório de análise.

- - Ainda assim, a grandeza da companhia é incontestável. - - A Oi ocupa hoje 34,4% do mercado de telefonia fixa e 18,6% de telefonia móvel do país, com uma base de 47,8 milhões de usuários de celulares, 5,7 milhões de acessos à internet banda larga e 2,2 milhões de clientes corporativos.

- - A Anatel disse que não vai interferir no processo, porque acredita que a companhia tem condições de voltar a operar no azul. O governo afirmou que não deve ajudar financeiramente.

- - Se a possível proposta do bilionário egípcio será um novo ponto de refúgio para a Oi, só o futuro dirá. - - Mas para isso a intenção não pode ficar apenas no campo das ideias, como foi com os refugiados em setembro.

 

- - - - - - - > Tatiana Vaz, de EXAME.com/Site Flipboard – 21/06/2016 19:35

 

 

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