Cataguases resgata o Cine Edgard, construído na década de 1950
23/07/2018 15:43 em Minas Gerais

 

Cinema foi adquirido pela prefeitura da cidade, onde o cineasta Humberto Mauro viveu desde criança

 

 

 

Num tempo em que as grandes salas de cinema viram igrejas evangélicas, estacionamentos ou simplesmente saem de cena para dar lugar ao vazio, Cataguases, cidade onde viveu desde criança o diretor mineiro Humberto Mauro (1897-1983), traz de volta um sucesso de bilheteria de décadas passadas. A prefeitura local adquiriu em definitivo o Cine Edgard, considerado pelos especialistas uma das mais importantes edificações do município e “patrimônio cultural de inestimável valor simbólico e arquitetônico de Minas”. O secretário municipal de Cultura e Turismo, Fausto Menta, destaca o polo de cinema existente na Zona da Mata, a figura do cineasta pioneiro e lembrou que a construção modernista erguida na década de 1950 é um templo da sétima arte.

 

A compra do imóvel exigiu longa negociação e contatos diretos com a família proprietária, articulações com instituições diversas e “constantes diálogos com o Ministério da Cultura e Secretaria de Estado da Cultura”, explicou Fausto Menta. A proposta de aquisição foi enviada em 15 de junho e homologada judicialmente em 2 de julho, dentro do processo de desapropriação, garantindo a aquisição do cinema conforme acordo. Cultura: Descobertos monumentos olmecas de 2.500 anos de antiguidade na Guatemala 

 

Segundo o secretário, a administração municipal vai fazer o pagamento em 112 parcelas fixas de R$ 40 mil a começar em agosto, mais o aporte financeiro de R$ 400 mil a ser pago até 31 de dezembro. No total, o valor é de R$ 4,8 milhões. Para concretizar o negócio e arcar com o custo, a atual gestão usará recursos próprios. A próxima etapa será conseguir recursos de R$ 5 milhões para restauro do edifício e equipamentos exclusivamente culturais, já que o cinema terá, em três andares, sala de exibição, espaço para mostra de artes plásticas e outras exposições e auditório para shows e conferências. Em 2015, por questão de segurança, o prédio foi interditados pelos bombeiros.

 

ARTE TOTAL

 

A expectativa é de que o Cine Edgard reabra as portas em 2020, a partir de recursos pleiteados no Fundo Estadual de Cultura, em patrocínio via leis de incentivo e no Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “O objetivo é entregar ao município um espaço para reforçar a vocação da cidade na promoção e no incremento das atividades ligadas à cultura”, afirma o secretário. Ele diz que o funcionamento da sala de exibição poderá se dar por meio de parceria público-privada. Em nota, a prefeitura explica como se efetivaram as negociações: caso o município não comprasse o imóvel, teria que devolvê-lo pagando aproximadamente R$ 1,8 milhão para a reforma, além de outros R$ 300 mil em aluguéis atrasados, somando-se mais de R$ 2 milhões, embora sem ter a propriedade.

 

Pelo planejamento, o primeiro andar do prédio será ocupado pela tradicional sala de cinema; no segundo, ficará a sede da Secretaria da Cultura e Turismo, “como acontecia em passado recente”; e, no terceiro, deverá ser implantado o Museu de Artes Visuais, “uma vez que Cataguases ocupa lugar de destaque na história do cinema nacional.” A gestão municipal estuda a possibilidade de usar também o espaço para a criação do Centro de Referência do Modernismo, com exposição permanente “que ressaltará o acervo arquitetônico modernista da cidade” tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O equipamento terá importância para os visitantes, pois “recebemos, diariamente, muitos estudantes de arquitetura e turistas”.

 

O secretário estadual de Cultura, Angelo Oswaldo, em visita recente, destacou “a inegável vocação” da cidade para o cinema. “Costumo dizer que Cataguases está para o século 20 como Ouro Preto está para o 17. Imagine Ouro Preto sem o Museu da Inconfidência? Cataguases não poderia ficar sem o Cine Edgard”, disse. Ele também ressaltou que o prédio da cadeia pública foi recentemente cedido pelo estado ao município para abrigar um centro cultural.

 

 

 

Por Gustavo Werneck/Site Estado de Minas

Postado em 23/07/2018 06:00 / Atualizado em 23/07/2018 07:47

A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet/Google

 

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